A Propriedade Agrícola

Do ponto de vista fundiário, trata-se, actualmente, de uma notável Quinta minhota, formada por uma área agro-florestal de uns 20 hectares, localizada na freguesia de Ceivães, concelho de Monção, na margem esquerda do rio Minho, um pouco a montante da foz do seu belo afluente – o Mouro.
O conjunto encontra-se cortado longitudinalmente pela Estrada Nacional 202, ao seu quilómetro 113, a qual limita, a Sul, uma zona quase florestal, designada a “mata” e, a Norte, outra, de carácter predominantemente agrícola, ambas rodeadas por vias públicas de desigual importância e vedadas por muros de pedra de variada feitura.
O prédio foi descrito sob o nº 51.135, a 27 de Novembro de 1934, na Conservatória do Registo Predial de Monção, nos seguintes termos:
- “Casa nobre denominada do “Hospital”, com capela, casa de criados, canastro, abegoarias, pombal, casas de caseiros, cortes de gado e campos de lavradio e vinha, laranjal, pomar e montados de mato, com pinheiros, carvalhos, sobreiros e eucaliptos, tudo situado no lugar do Hospital, da freguesia de Ceivães, sendo a parte rústica atravessada pela Estrada Nacional”.
Foi-lhe, então, oficialmente atribuído o valor venal de cem mil escudos.
Partindo, hoje, do cruzamento do Escampado, onde nasce a estrada municipal da Valinha para Tangil e, seguindo esta, fica à esquerda o muro da mata.
Abandonando esta via, no local da Moucheira, o muro acompanha o caminho público que vai em direcção a Messegães, até que este, no sítio das Lamelas, atravessa a referida Estrada Nacional 202.
O limite da propriedade, a Nascente, toma então, a antiga Estrada Real, a qual contorna a propriedade, também pelo Norte, até ao Largo da Feira.
Daí, a Poente, a Quinta é limitada pelo caminho que segue da capela de Stº Amaro para o lugar do Escampado, fechando, desta forma, o circuito.
Outrora, a Quinta alargou-se, constando que, pelo Norte, ía até ao rio Minho, englobando a capela de S. Bento e zonas limítrofes. Pertenceram-lhe, em certa época, muitos campos dispersos pela freguesia de Ceivães e por outras próximas, porém, o núcleo, tal como hoje se apresenta, após sucessivas anexações e reduções, não parece muito diferente do que, primitivamente, teria sido.
A zona florestal é constituída por uma mata de pinheiros e eucaliptos, começando, ultimamente, estes a predominar. O sub-bosque é formado por cereais espontâneos, tojo, giesta e outras espécies herbáceas e arbustivas.
Raros carvalhos, sobreiros e castanheiros dispersos, bem como duas alas de cedros, bordejando um caminho transversal, e uns poucos exemplares de outras árvores completam o quadro florístico.
No interior da área florestal, um típico moinho de água, um poço, um grande tanque de rega e uma fiada de casas térreas, que serviam de habitação de caseiros, armazéns e cortes de gado.
Recentemente, foi contruído um posto eléctrico de transformação e um estábulo, para 50 cabeças de gado bovino.
Um duplo traçado de alta tensão corta a mata, aproximadamente, no sentido Poente-Nascente, a fim de abastecer o vizinho concelho de Melgaço, e algumas outras freguesias de Monção.
A zona agrícola é formada por uma dezena de parcelas. Ao longo da estrada nacional, avultam o campo da Bessada e o de Santo Amaro, este próximo da capela da mesma invocação, cada um provido de um poço.
A Nascente, quase em forma de anexo, localiza-se o campo, designado das Lamelas, separado da área habitacional por um pomar murado e fechado por um portal de madeira. Junto, um pequeno núcleo de pinheiros persiste em lembrar-nos que por ali terá existido o antigo Pinhal do Frade. Perto, um grande pombal redondo, hoje despovoado.
Junto à estrada, contíguo ao pomar, fica o estreito e comprido Campo do Còradoiro, que terá sido amputado, na sua largura, pela Estrada Nacional Monção-Melgaço, tendo deixado do lado oposto, algo do que dele restou. Esta via foi começada a construir em 1870.
Acompanhando, a pequena distância, a fachada Norte do solar, sobressai o imponente canastro ou espigueiro, de 18 mós, dos mais longos da região, testemunho gritante do que foi o esplendor da cultura do milho, a partir da sua introdução, no século XVII, até quase final do século XX, encontrando-se, agora, em clara regressão, por toda a região.
Junto a ele, a indispensável eira de pedra, onde se secava e debulhava o cereal, com um pequeno alpendre de armazenagem, de construção recente (séc. XX).
Logo abaixo, um pitoresco e romântico jardim e laranjal, de canteiros delimitados a pedra, com um tanque de rega central, ao redor do qual se desenham caminhos e escadarias.
Um olival, a NE da casa, completa o conjunto agrícola. Um curioso tanque de rega, a nível inferior, abastecido por uma mina, localiza-se no limite do arvoredo com o campo antes chamado de Entre-as-Latas e hoje mais conhecido pelo nome de Macaco, em razão de uma carranca existente no referido tanque.
Numa pequena elevação, o referido pombal redondo, caiado e rodeado por um pequeno bosque.
Os campos são bordejados por vinha em latada, ao estilo da região. O vinho branco e tinto produzidos, são de grande qualidade.
Antes de 1949, existiam ao longo do limite Norte do campo da Bessada, grandes castanheiros.
O prazo estava devidamente delimitado, principiando a sua medição no Portelo do Frade do Isqueiro, que já não existia em 1818, mas que se sabia ter sido localizado na frente da Estrada Real que vem de Valadares e que torneia a Quinta pelo Norte (como ainda hoje) até ao cruzeiro de Santo Amaro. Este, porém, já naquela data havia sido mudado para o alto do Terreiro da feira.
O sítio onde estava primitivamente, foi murado e plantado de vinha que ficou então reunida à então chamada das Cruzes.